Linfoma

abril 09, 2017

Linfoma é um câncer (tumor maligno) que tem origem no sistema linfático, uma rede complexa de tubos (vasos linfáticos), nódulos (ou linfonodos) e outros órgãos, que é responsável pelo transporte de linfócitos (glóbulos brancos), entre outras substancias, através dos vasos linfáticos, para todas as partes do corpo. A doença se desenvolve nos linfonodos, encontrados em várias partes do corpo, principalmente na axila, no pescoço e na virilha.
Existem vários subtipos de linfomas, muitos oncologistas agrupam os tipos de linfoma de acordo com a velocidade de crescimento e progressão da doença, como de baixo ou alto grau, levando em consideração o padrão da biópsia do linfonodo feita ao microscópio e o tipo celular predominante dos linfócitos (T ou B). Os mais comuns são o linfoma de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin.

LINFOMA NÃO-HODGKIN (LNH)
Os LNH correspondem à cerca de 80% dos casos de linfoma. Podem ter origem de células B ou T, sendo que cerca de 85% dos casos são de células B. Existem várias classificações para os LNH e hoje em dia a mais aceita é a da REAL (Revised European-American Classification of Lymphoid Neoplasms), que leva em consideração o tipo celular, as manifestações clínicas, a morfologia, a imunofenotipagem e o genótipo. Segundo a classificação da REAL existem cerca de 17 tipos de LNH.
Os LNH têm um padrão de crescimento difuso ou multicêntrico e tendem a se disseminar nos estágios iniciais da doença. Quando o linfoma se dissemina para o sangue periférico torna-se uma leucemia. Os LNH também podem ter origem em tecidos extra-nodais, ou seja, tecidos não-linfóides como o trato gastrointestinal, a pele e a mucosa oral.
A etiologia dos LNH é discutida. Alguns casos podem estar associados a vírus como o EBV (Epstein-Barr).
Características Clínicas
Os LNH ocorrem principalmente em adultos, embora as crianças também possam ser afetadas e geralmente em casos mais agressivos. As primeiras manifestações clínicas da doença apresentam-se como aumento de volume lento e indolor de linfonodos. Conforme a malignidade progride, os linfonodos vão se tornando mais numerosos e fixos, gradualmente outros grupos de linfonodos são atingidos e ocorre invasão local de tecidos adjacentes. Outros sintomas menos frequentes são: perda de peso, febre e sudorese noturna.
Na cavidade oral o linfoma ocorre como sendo do tipo extra-nodal e apresenta-se como tumefações firmes e difusas, de coloração eritematosa ou arroxeada e geralmente com a superfície ulcerada. Acomete principalmente a região de fundo de sulco, gengiva e palato.
O linfoma de Burkitt é um tipo de LNH de células B que acomete principalmente os ossos gnáticos. Existem 3 tipos de linfoma de Burkitt: o tipo africano, o tipo americano e o associado à pacientes com AIDS. O tipo africano é endêmico na África Central, atinge crianças em torno dos 7 anos de idade e acomete principalmente os ossos da mandíbula e maxila. Radiograficamente aparecem como destruições radiolúcidas do osso com margens irregulares e maldefinidas. O tipo americano também atinge as crianças, no entanto acomete mais frequentemente a região abdominal. O linfoma de Burkitt tem sido associado ao vírus Epstein-Barr (EBV).
Características Histopatológicas
Para se chegar ao diagnóstico de linfoma é necessário a biópsia do tumor para análise histopatológica, e para classificar o tipo de linfoma realizam-se reações de imunohistoquímica. Os LNH caracterizam-se histologicamente por uma proliferação de células linfocíticas podendo mostrar variados graus de diferenciação. As células linfocíticas apresentam características de malignidade como hipercromatismo nuclear, nucléolos evidentes, pleomorfismo nuclear e mitoses atípicas. O linfoma de Burkitt apresenta células claras (macrófagos) entre as células linfocíticas dando um padrão chamado de “céu estrelado”.
Tratamento e Prognóstico
O tratamento de um paciente com LNH consiste em quimioterapia e/ou radioterapia. Os linfomas de alto grau respondem melhor ao tratamento, mesmo assim é observada uma taxa de mortalidade de 60% cinco anos após o diagnóstico e tratamento. Os casos de baixo grau são muitas vezes difíceis de tratar, pois não respondem bem à quimioterpia e radioterapia, no entanto, como apresentam um curso clínico lento, muitas vezes o paciente morre com o linfoma e não do linfoma. O linfoma de Burkitt é agressivo, mas responde adequadamente ao tratamento quimioterápico e a maioria dos pacientes são curados.

DOENÇA DE HODGKIN (DH)
A doença ou linfoma de Hodgkin é aproximadamente 5 vezes menos comum que o LNH, correspondendo a cerca de 0,7% de todos os casos de câncer nos EUA. Em contraste com os LNH, a DH origina-se sempre num linfonodo, nunca num tecido extra-nodal, e dissemina-se de modo característico para os linfonodos anatomicamente contíguos.
Características Clínicas
 A doença de Hodgkin manifesta-se clinicamente por um aumento de volume indolor de linfonodos superficiais. Cerca de 75% dos casos acometem as cadeias cervicais e supraclaviculares.
De uma forma geral, afeta mais os homens numa média de idade de 30 anos. Se não for tratado, a doença se dissemina para os linfonodos contíguos, depois para outras cadeias linfáticas e eventualmente pode envolver o baço e o fígado. Outros sinais e sintomas sistêmicos podem estar presentes, como a perda de peso, febre, sudorese noturna e prurido generalizado.
Características Histopatológicas
O diagnóstico da DH também é feito a partir da análise histopatológica de um material proveniente da biópsia do tumor. A DH apresenta células neoplásicas características, chamadas de células de Reed-Sternberg. Estas células são muito grandes, geralmente binucleadas (aspecto de “olho de coruja”) e com nucléolos evidentes. As células de Reed-Sternberg são as únicas neoplásicas na DH, entretanto, somam apenas 1 a 3% das células do linfonodo afetado. As demais células presentes são células inflamatórias.
De acordo com o tipo de células inflamatórias presentes e a arquitetura do tumor, a DH pode ser dividida em 4 subtipos: esclerose nodular, predominância linfocítica, celularidade mista e depleção linfocítica.
Tratamento e Prognóstico
O tratamento do DH depende do estágio de envolvimento, e consiste em quimioterapia e/ou radioterapia. O prognóstico dessa doença é relativamente bom, principalmente nos casos iniciais onde os pacientes apresentam um índice de sobrevida de até 90% em 5 anos.



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